Como montar a sua própria escolinha

 

 

A idéia de montar estas páginas é para apoiar quem quer montar uma escolinha de arco e flecha.

Quando a gente monta uma escolinha de arco e flecha, temos que ter em mente que somos técnicos treinando futuros atletas e quem sabe, futuros campeãos.

Montar uma escola de arqueiria, não é dar aulas de educação física em escolas públicas ou privadas. Pode fazer parte para procurar atletas, mas não é seu objetivo principal. Uma escola de arqueiria visa treinar o atleta alem da mera atividade física. Visa procurar por talentos e promover o esporte. Visa procurar excelência no esporte.

Seria espetacular se no Brasil pudéssemos realizar o que Renzo está fazendo no norte da Itália. Seria excelente se professores de educação física introduzisse o arco como uma das muitas modalidades de educação física em suas escolas. Mas esta atividade física não é escola (academia)de arqueiria. Isto tem que ficar bem claro. São duas coisas bem distintas.

 

Para um atleta crescer no esporte ele tem que ter o próprio material. Isso é a premissa. e para ele adquirir o próprio material ele tem que ter certeza que vai querer praticar o esporte, e para isso ele vai ter que conhecer o esporte. Atualmente no Brasil ele só consegue entrar em contato com o esporte em academias de arqueirismo, pena. Seria excelente se ele (a) pudesse conhecer o esporte em escolas particulares e públicas, sob a direção de um professor de educação física qualificado. e daqui sairia para os clubes de arqueiria onde, com material próprio, treinaria como atleta, sob a tutela de um técnico qualificado. Seria uma parceria fantástica.

 

Do meu ponto de vista, um técnico de arco e flecha, para ser bom, tem que saber atirar com o arco e flecha, tem que ter participado de competições, sentido o nervosismo da competição, atirado a 90 metros. Como ele vai conseguir passar confiança e credibilidade para o atleta se ele não sabe a sensação de estar lá?

Se eu estou trabalhando com um grupo de crianças numa escola que estão praticando o arco como uma das muitas opções de atividade física oferecidas pela escola, como curso semestral, usando material da escola, atirando a curta distancia, definitivamente eu não preciso saber atirar a 90 metros, ter participado de campeonatos, etc, etc. Basta eu ter o conhecimento básico das técnicas e saber atirar a 10 ou 18 metros (são as distancias disponíveis num ginásio de escola).

Agora, se eu quero treinar atletas e levá-los alem do básico, eu tenho que ter bagagem, tenho que ter experiência, tenho que saber do que estou falando, e a melhor forma para saber isso, é ter tentado, treinado, participado, ter sido ou ainda ser atleta.

Portanto, quando eu estou falando em escola de arquerismo, não estou me referindo a atividade física para crianças ou adultos, e sim, a treinamento de atletas.

 

Seria maravilhoso poder combinara os dois: as aulas de arco em escolas como modalidade física, e as crianças ou adolescentes que se destacarem passariam para um treinamento mais direcionado na escola (academia) de arqueirismo. Se isso fosse possível seria espetacular. É como fazem nos USA, em especial na Coréia, na Itália e na Austrália. E não é por nada que são estes os países que estão dominado no momento o cenário mundial.

O objetivo de um colégio é ensinar matemática, português, línguas, etc e não, formar atletas de ponta. Já o objetivo da escola de arqueirismo é formar atletas de ponta. Cada qual tem sua função na formação do atleta.

Se formos analisar a Coréia: toda criança aprende a atirar com o arco já na escola, começa aos 8 ou 9 anos. As que se destacarem, depois de um certo tempo, amostrando boa coordenação motora e jeito, entram para o treinamento mais específico, que é extracurricular, num clube sob a supervisão de um técnico. Desta forma a Coréia em pouquíssimo tempo dominou o mundo do arco. Agora, a Itália, sob a direção de Renzo Ruele (eleito melhor técnico italiano 2005 e atual técnico da seleção brasileira), estão fazendo a mesma coisa. Ele está introduzindo o arco em escolas públicas e particulares, e de lá saem os futuros campeãos. Ele tem um programa de treinamento com 600 crianças. Em cada escola ele tem um professor de educação física monitorando o treinamento, uma vez por semana ele passa pela escola dando apoio técnico ao professor e olhando as crianças. Depois de um período de 3 meses (ou um semestre) as crianças que querem continuar adquirem, o próprio material e vão para o clube treinar fora do horário escolar. Renzo está fazendo isso agora a mais de 5 anos, e os resultados são surpreendentes. Itália é vice campeão feminino recurvo, ouro olímpico 2004, campeão europeu, campeão juvenil e vice cadete, tanto masculino como feminino.

Lá não existe briga entre professor de educação física e técnico de arqueiria. Renzo foi atleta antes de virar técnico, melhor pontuação dele em recurvo foi 1240 pontos, suficiente para fazer atualmente parte da seleção brasileira. Ele não é professor de educação física, ele é técnico. Ele quer treinar atletas e para isso ele tem bagagem, tem experiência, fez cursos, se especializou.

 

Se a gente conseguir criar esta mentalidade aqui no Brasil. Criar parecerias saudáveis, o Brasil iria longe e teria um tremendo futuro promissivo. Agora, se a gente fica brigando, técnico contra técnico, clube contra clube, professor de educação física contra técnico, aí nada vai para frente e a gente fica parado como está acontecendo a 30 anos.

 

Eu acredito que, mesmo com toda a mentalidade Gerson que temos neste país, é possível fazer esta parceria, de tal forma que todos saem ganhando: o colégio, os alunos, o professor de educação física, o clube (academia- escola de arqueirismo), o técnico, o atleta, o esporte e por fim o próprio Brasil.

O colégio vai ter algo que os outros não tem, o professor vai saber algo que os outros não sabem e estará em constante contato com o técnico, o clube terá mais atletas, o técnico mais oportunidades de achar um verdadeiro campeão, e assim por diante. Pensem, reflitam, e realizem.